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Segunda Geração – Os Filhos Sob a Lona
Do casamento de Nelson e Espedita nasceram seis filhos, todos criados no mundo vibrante do circo. Desde pequenos, aprendiam observando e participando: ajudando nos bastidores, montando e desmontando a lona, ou subindo ao picadeiro para atuar em diferentes papéis.
Cada um desenvolveu suas próprias habilidades: acrobacias, mágica, música, interpretação, costura, criação de figurinos e gestão da companhia. A vida nômade, cheia de desafios e descobertas, formou neles um senso profundo de disciplina, companheirismo e amor pela arte.
Essa segunda geração não apenas preservou a tradição iniciada por Nelson e Espedita, como também imprimiu novas ideias e talentos aos espetáculos, adaptando o circo às mudanças do tempo sem perder sua essência.
O Circo Mágico Nelson, ao longo das décadas, resistiu a adversidades e se reinventou continuamente. Enfrentou tempestades literais e figuradas, mas nunca interrompeu a função. Sob a lona, o público sempre pôde encontrar a mistura única de riso, emoção e encanto que caracteriza a história da Família Silveira — uma história que segue viva, passando de mãos em mãos, de coração para coração, geração após geração.


Teófanes Silveira
Teófanes Silveira nasceu em 5 de fevereiro de 1951, na cidade de Jequié, Bahia. Na ocasião, o Zoológico Mundial Circus, companhia onde seus pais trabalhavam, passava pela cidade. Como um legítimo filho do circo, Teófanes veio ao mundo sob uma barraca de lona, sendo recebido por Dona Cida Robatine, proprietária da companhia, que auxiliou no parto.
Aos sete anos, na cidade de Angra dos Reis (RJ), Teófanes — carinhosamente chamado de Netinho pela família — estreou nos palcos interpretando Marcelino, no drama Marcelino Pão e Vinho. Na mesma temporada, fez sua primeira apresentação como palhaço em uma matinê, recebendo o nome artístico de Biribinha, em homenagem ao pai, cujo nome de palhaço era Biriba.
Em 1972, o Circo Mágico Nelson, pertencente à sua família, chegou à cidade de Arapiraca (AL), instalando sua lona na antiga estação ferroviária. A partir dali, construiu-se uma relação profunda entre o artista e a cidade — uma história que já soma mais de 50 anos.
Foi em Arapiraca que Teófanes constituiu família, teve filhos e netos. Desenvolveu um trabalho pioneiro ao levar o teatro às escolas, formou artistas hoje atuantes em todo o país e contribuiu significativamente para o fortalecimento da cultura local. Por sua trajetória, foi reconhecido como Cidadão Honorário de Arapiraca, Mestre do Patrimônio Vivo de Alagoas e Mestre das Artes Brasileiras pela FUNARTE. Hoje, aos 74 anos de idade e com 67 anos de carreira, segue ativo, participando de festivais e projetos em diversas regiões do Brasil.
Em breve, terá sua biografia publicada, escrita por Lili Castro, autora da tese de doutorado defendida em maio de 2025, com o título: O palhaço Biribinha: itinerários de Teófanes Silveira e as transformações do circo brasileiro de 1950 aos dias atuais.

Mércia Silveira
Mércia Silveira nasceu em 26 de abril de 1952, na cidade de Itabirito, Minas Gerais. Na época, o circo onde seus pais trabalhavam passava pela região — uma cena comum nas famílias circenses itinerantes.
Assim como seus irmãos, cresceu imersa na cultura do circo, vivendo intensamente o cotidiano artístico sob a lona. Desde cedo, demonstrou grande talento, especialmente nos dramas do Circo-Teatro, onde se destacou interpretando o papel da ingênua — personagem que conquistava o público com sua delicadeza e emoção. Sua atuação cativava e comovia plateias por onde passava.
Além do teatro, Mércia também brilhou em números de mágica, realizava dublagens, atuava como mestre de cena e integrava o elenco das entradas de palhaço, demonstrando sua versatilidade e dedicação à arte circense.

Hiran Leite da Silveira
Hiran Leite da Silveira nasceu em 26 de fevereiro de 1955, em Belford Roxo, RJ. Caçula de Nelson e Espedita, cresceu sob a lona, herdando desde cedo o amor pela vida circense. Interessou-se especialmente por duas áreas: a capatazia e a música. Mas, como todo verdadeiro artista de circo, tornou-se um multiartista versátil e completo.
Ao longo de sua trajetória, foi mágico, atirador de facas, ator, dublador, palhaço musical, assistente de mágico e, sobretudo, capataz. O capataz é figura essencial no circo: responsável por toda a parte estrutural, desde a escolha do terreno para montagem da lona até a organização e o carregamento dos caminhões que transportam o circo para a próxima cidade. É um papel que exige conhecimento técnico, liderança e dedicação — e Hiran desempenhou essa função com maestria.
Outra de suas grandes especialidades é a música, área na qual se tornou mestre reconhecido nacionalmente. É guardião e praticante do saber dos palhaços excêntricos musicais, artistas capazes de extrair som e melodia de objetos inusitados como taças, serrotes, bombas de encher pneus, panelas, garrafas e muitos outros. Até hoje, Hiran continua inventando novos instrumentos e transmitindo seus conhecimentos a novas gerações de artistas, mantendo viva essa tradição única e encantadora.


Vera Lúcia Silveira
Vera Lúcia Silveira nasceu em 7 de outubro de 1956, na cidade de Pará de Minas, Minas Gerais. Desde muito pequena, já estava presente nos picadeiros e palcos do circo, respirando arte e espetáculo.
Atriz versátil e carismática, destacou-se em diversos papéis dramáticos, embora sempre tenha confessado sua paixão pelos personagens cômicos. E quem a conhece sabe: sua veia humorística é poderosa e inconfundível.
Ao longo de sua trajetória, atuou em inúmeros papéis, realizou dublagens de grandes artistas nacionais e internacionais, integrou o elenco das entradas de palhaço, e foi partner de malabaristas e mágicos, demonstrando talento, sensibilidade e entrega em cada apresentação.
Filha de Nelson e Espedita Silveira, Vera dá continuidade ao legado da família circense. Hoje, com os bisnetos já nascendo e crescendo sob a lona, vê seus dois filhos, também proprietários de circo, mantendo viva a tradição dos Silveira, perpetuando a arte e a cultura que atravessam gerações.

Marta Rosane Silveira
Marta Rosane Silveira nasceu em 26 de março de 1959, em Nova Iguaçu, RJ. Talentosa e versátil, brilhou como atriz, integrante dos números de entradas de palhaços, partner, dubladora e bailarina.
Ao longo de sua carreira, atuou em importantes companhias, passando por grandes circos do país, como o renomado Gran Bartholo Circus. Marta encantava o público com sua presença de palco cativante, seu carisma e sua habilidade artística, deixando sempre uma marca inesquecível por onde passava.
Após anos dedicados à vida sob a lona, decidiu seguir um novo caminho, mudando-se para Brasília para viver ao lado da família. Ainda assim, seu legado artístico permanece vivo na memória de todos que tiveram o privilégio de vê-la se apresentar.

Denise Silveira
Denise Silveira nasceu em 2 de julho de 1962, no bairro de Paciência, no Rio de Janeiro. Caçula de Nelson e Expedita Silveira, cresceu entre bastidores, lonas e picadeiros, e logo se destacou em diversas áreas do universo circense.
Ao longo de sua carreira, foi atriz, equilibrista, acrobata aérea, partner, aramista e integrou o elenco das entradas de palhaço, mostrando sua versatilidade e paixão pela arte. Seus números mais marcantes eram a desafiadora Corda Indiana e o encantador Equilíbrio com Pratos Bailarinos, nos quais demonstrava técnica apurada e elegância cênica. Além das performances, Denise é reconhecida como uma verdadeira mestra dos bordados tradicionais de circo, preservando um saber ancestral que repassa com dedicação em oficinas promovidas por instituições educativas e culturais.
Hoje, continua vivendo sob a lona, mantendo viva a tradição. Seus filhos e netos seguem seus passos e atuam em picadeiros espalhados pelo Brasil e pela Europa, dando continuidade ao legado da Família Silveira com talento e amor à arte circense.

